sexta-feira, 1 de julho de 2011

poesia

Poética

De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul
cativo
O este é meu norte.

Outros que contem
Passo por passo:
Eu
morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é
quando.
Vinícius de Moraes

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Poesia da Amizade

Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis
que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre
reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o
olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular
comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e
comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a
vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...Vinicius de Moraes